"Para mim, o mais importante é que artista é uma testemunha de seu tempo. Ele, através da obra, tem que indicar o tempo e o lugar em que viveu. Isso tem que aparecer na obra dele. Sem isso, não vale."
"Em arte, não é o estilo, a técnica o que mais conta, mas sim o caráter da obra, a sua originalidade. Às vezes, as pessoas que vêm esses quadros certinhos que pintam as coisas tais quais são: uma bela paisagem, como se fosse retrato. Aí vê e fala: “ Nossa!! Que lindo quadro, essa paisagem parece que salta da tela, de tão perfeito, de tão real!!” Sabe... isso não é arte. Pode ser certinho, mas não tem caráter nenhum esse tipo de pintura, não tem originalidade. Depois da invenção da fotografia, essa pintura acadêmica perdeu seu sentido, entende? E artista é testemunha de seu tempo..."
"Aqui no Brasil tem muito artista de muitas naturalidades. Mas maiores expressões foram os italianos que chegaram aqui: DI Cavalcanti, Portinari e outros. Também tinha muitos nipônicos, mas nós ficamos muito separados, fechados, isolados do povo do Brasil..."
"Também tem a GUERNICA, do Picasso, outra obra muito forte, que foi um protesto do Picasso contra a guerra na sua cidade. Ele também pintou a guerra da Coréia, na mesma forma de Guernica.Lasar Segall tem uma obra “ Navio Imigrante”, conhecem, não? Na minha visão uma obra de uma visão muito importante. Di Cavalcanti também é importantíssimo. A obra dele é cheia de ‘ clima’ carioca, com pretas e brancas, muito voltado para a realidade brasileira. Ele nasceu na Itália, mas viveu no Rio, e pintava como brasileiro. Já Caribé, que nasceu na Argentina, teve nas suas obras um inicio surrealista, mas quando chegou na Bahia, virou brasileiro, e lá fez sua obra se tornar única."
"Já os nipônicos não conseguiram ser tão brasileiros. Handa, Takaoki, Tamaki... Japoneses. Apenas Handa tem motivo de cafezal, mas seu caráter e cores e coisas assim, mostra que nós nipônicos ficamos, mesmo, mais isolados da situação do Brasil."
"O valor de uma obra não é o do dinheiro, o valor é o que se sente quando se olha, a beleza que sente... Cada um tem um pensamento diferente, e a beleza também é diferente. Então, tudo que ver , tem que ver com a cabeça+coração , senão a vida será muito pobre, entende?"
"Uma pincelada de 2 ou 3 segundo tem 60 anos de estudo, experiência de vida, história, entende? Esse é o valor. O valor da obra está no caráter, na história de estudo que antecede a pincelada (e são 60 anos de estudo!)."
Ao final da palestra, foi feita a visita à exposição dos trabalhos de Wakabayashi (veja abaixo).