Escola de Arte na Vila Mariana: VOU TIRAR VOCÊ DESSE LUGAR

sábado, 26 de março de 2011

VOU TIRAR VOCÊ DESSE LUGAR

Tivemos a honra de receber na galeria da antiga ABRA-Vila Mariana, hoje GARE -Escola de Artes Criativas e Design, a exposição comemorativa de 30 anos de carreira do artista Dumas, com a curadoria de Júlio Mendonça.

Abaixo, com o acompanhamento do artista, o processo de montagem da exposição, que ocupou a galeria, a parte lateral da fachada e a galeria superior da unidade.

(Abaixo, Dumas)

No sábado, dia 26 de março, Dumas recebeu seus convidados, e pode partilhar seu processo de criação e idéias com o público.

"VOU TIRAR VOCÊ DESSE LUGAR"
Exposição em comemoração aos 30 anos de carreira do artista Dumas

Curador Julio Mendonça

"Dumas é um artista a ser descoberto, um continente de signos a ser explorado. Paraense de nascimento – tendo vivido em Belém até quase completar 30 anos-, o ambiente amazônico que persiste vivo nele tem depurado suas imagens (mais os sons, os cheiros e as texturas) no entrechoque com as imagens das grandes metrópoles do sudeste ( particularmente, São Paulo). Nesse diálogo tenso entre imagens, por sua vez, Dumas tem utilizado referências conceituais e técnicas extraídas de uma leitura bastante pessoal da arte contemporânea.

O trabalho de Dumas é baseado na mistura/mestiçagem de matérias e de técnicas; nele a gráfica e a plástica se atritam todo o tempo. Sua obra é muito marcada pela tradição da arte moderna voltada para a visualidade caótica da realidade urbana. Mas sua sintonia está ligada, também, na plástica e na gráfica populares.

Num livro-objeto realizado por ele há alguns anos, vemos uma seqüência de páginas por rasgos metonímicos: numa página, rótulo de uma embalagem francesa antiga de penas de escrever; pagina seguinte: rótulo de uma embalagem de aquarela; terceira página: três círculos em diagonal – o primeiro, um diagrama com alguns pontos/ coordenadas; no segundo, através de linhas pontilhadas que partem das coordenadas, começa a se configurar uma imagem ortogonal; o terceiro círculo nos surpreende por contrastar fortemente com os anteriores: um pedaço quase circular de papel kraft, bastante rústico, sobre o qual está pintado em pinceladas largas e irregulares um círculo orgânico-informal. A sequência das três páginas parece aludir de modo muito conciso à relação tensa – que terá outros desenvolvimentos no livro – entre a escrita e o grafismo, entre a escritura como expressão mais codificada/racional e a arte e sua informalidade aberta ao inexprimível.

Na exposição que ele agora realiza, não há livros-objeto, os materiais e os suportes são outros, mas continuam presentes a diversidade de técnicas e códigos, o uso da linguagem metonímica (isto é, uma arte do fragmento – a parte pelo todo), a expressão concisa e elíptica e o movimento pendular entre gráfica e plástica.

As obras que participam dessa exposição aprofundam a pesquisa de técnicas que Dumas vem desenvolvendo e, do ponto de vista dos temas, exploram as relações entre o urbano e suburbano, o erudito e brega, o lírico e o erótico."

Julio Mendonça